Após ter saboreado a composição com a companhia de uma banda, os Savanna, e de ter explorado a escrita individual no mundo do pop rock usando o nome George Marvinson, Tiago Vilhena entra numa nova etapa, agora com a sua vontade para a composição consolidada.Tiago Vilhena lançou a primeira experiência musical na sua língua natal pela Pontiaq.
2018 foi o ano em que o Tiago Vilhena compôs e gravou as músicas do seu novo álbum que é cantado quase na sua totalidade na língua de Portugal. Atingindo a maturidade no que diz respeito à composição e à escrita, este renovado artista divulga um álbum de 10 músicas filosóficas e relaxadas, introspetivas e reveladoras que acrescentam ao Curriculum musical português uma nova expansão para a música de intervenção. Para além de ser apresentado com um cunho ativista, Portugal 2018 é também um álbum com alguma fantasia, falando-nos de profetas, de dilemas da morte e da vida, de poções e de milagres. Questionando a existência, incorporando e relatando experiências de animais, criticando a inoportunidade, elogiando a vida, a viagem e a simplicidade, este segundo álbum a solo do Tiago é uma coletânea que pode tanto ser lida como ouvida.
Contrastando com o seu passado musical pop, psicadélico, rock, maioritariamente influenciado pela música americana e inglesa, desta vez, Tiago Vilhena adopta uma postura mais tradicional mas não apenas tradicional portuguesa. A música chilena e a música grega são também duas grandes influências para o estado de espírito presente em Portugal 2018. Este mesmo estado é expresso através de progressões harmónicas arrojadas e que revelam uma sensibilidade destacável para expressar emoções sem necessitar do uso da palavra, apesar de lhe dar uso de qualquer das formas.
“Desta Vida” revela 3 modos de olhar para, ou de viver a vida, acabando sempre de relatar cada um deles com, “e não vou dizer mal desta vida”, mostrando que há inúmeras formas de abordar a nossa existência sem que nenhuma delas seja necessariamente melhor do que a outra. Para vincar esta opinião, Tiago escolheu convidar dois músicos para cantar as diferentes filosofias sendo que a primeira é cantada pelo próprio, a segunda é cantada pelo José Penacho (Marvel Lima e Zé Simples) e a terceira pela Bia (April Marmara).
O vídeo que acompanha a música é feito pela Zarolina, que no passado já fez um vídeo para o Tiago Vilhena quando ele usava o nome George Marvinson. Zarolina optou, desta vez, por apresentar silhuetas marcadas por sombras numa parede, deixando a objetividade a cargo da letra da música, acompanhando simplesmente o balanço e o andamento dos instrumentos.
A simplicidade que Tiago tenta puxar da música, apesar da complexidade harmónica, é já um hábito seu. Nesta música, ele mostra também um gosto por instrumentos de orquestra como violinos, dando uso à técnica pizzicato, trombone e tímpanos. Acabando com uma conclusão instrumental, onírica e nostálgica, ficamos com uma música que é também uma história e é também uma ode à diversidade e à aceitação da diferença.
O interesse pelo mundo misterioso e fantástico está na génese de “Elixir de Bem-Estar“. Tiago fala-nos de algo inalcansável mas que, mesmo sabendo que o é, não deixa de o procurar. Com versos não muito afastados dos limites da tristeza e um refrão com uma energia positiva contagiante, todos os estados de espírito são abordados.
Os arranjos corajosos e a composição elaborada acompanhados de uma clareza e simplicidade bastante pessoal fazem de “Elixir Do Bem Estar” uma canção que chegou para marcar a diferença!
+info Tiago Vilhena
Fotografia (capa) – Tiago Vilhena