Os britânicos The Drones estiveram pela primeira vez em Portugal em Dezembro passado, para quatro enérgicos concertos, em Lisboa no Sabotage Club, em Coimbra no Salão Brazil e em Corroios no Seixal. A expectativa era alta, não fossem os The Drones um dos ícones vivos da cena Punk Rock britânica dos anos 1970. Contemporâneos dos Ramones e dos The Stranglers, a banda de Gus Gangrene esteve à altura do grupo de fãs “fucking bastards”, que num misto de afecto e rebelião abraçavam e atiravam-se para cima dos seus ídolos septuagenários.
Saíram de Manchester rumo a Londres no auge do movimento punk em Inglaterra (1977). E esta mudança deixou alguma amargura naqueles que acompanharam a sua viragem de estilo, M.J.Drones (desaparecido em 2012) teve anteriormente uma banda R&B e Rock em 1974, os Rockslider. E talvez também por isso os seus primeiros tempos em Londres não foram pacíficos, e a cidade não teve por eles uma empatia imediata, sendo os concertos de estreia muito pouco calorosos (o famoso Roxy Club em Covent Garden). Apesar de tudo, a sua amizade com os The Stanglers e um cardápio composto de boas músicas acabaram por ser motivos fortes para vingarem na cidade de sua majestade.
Em Lisboa partilharam toda a energia electrizante de Temptation of a White Collar Worker (EP 1977), Further Temptations (álbum 1977) e do último trabalho editado Dirty Bastard (1999). Uma discografia fraca em quantidade mas fortíssima em qualidade, não fossem os clássicos do inicio da sua carreira tocados e “curtidos” no moshe da sala do Cais Sodré, “Sad So Sad”, “Lookalikes” ou “Be My Self”. O ódio de estimação habitual à família real e a sua majestade, gritados no provocador “Corgi Crap”, ou o curto e electrizante “Friction” estiveram ao rubro, em sintonia com todos os elementos da banda que deram provas de que o palco é mesmo o seu habit natural e que a música punk tem o poder da longevidade.