Dançar foi, é e sempre será uma forma bonita e pura de libertação corporal que nos aclara a mente. Se aliarmos isto a um bom gosto e sabedoria profundos, chegamos a uma fórmula que quase se espelha na felicidade genuína e inocente de quem vive o melhor que pode.
Um concerto não é apenas uma representação em directo daquilo que ouvimos em casa. Um concerto é uma espécie de magia que nunca assume a mesma representação. Elaborar música, enquanto uma das principais artes que nos enche os pulmões tampouco é fácil. Se juntarmos a elaboração de música ao directo mágico chegamos a 3 noites que aconteceram na passada semana.
Rough Mix foi um conjunto de 3 noites onde Luís Clara Gomes e os seus companheiros se juntaram para recriar o estúdio em cima do palco. Cada noite correspondia a um disco por ordem cronológica, com arranjos, sendo que faixas novas iriam ser apresentadas.
O Música em DX fez parte da primeira noite, no dia 23 de Janeiro, no MusicBox. Nesta noite, o álbum a ser interpretado e reestruturado era o Flora, o primeiro de todos e aquele que me fez desenvolver uma enorme paixão por Moullinex.
A acompanhar Luís, Guilherme Salgueiro, Guilherme Ribeiro e Diogo Sousa, 2 caixas de ritmo, 6 sintetizadores (se não fossem mais), teclados e a bateria. A noite abre como o disco com “Sunflare” de cara lavada. Quase todas as músicas que fazem parte do disco tinham arranjos, mais sintéticos e electrónicos colocando em nós uma imediata vontade de nos soltarmos e não mais pararmos.
Iwana Skarek sobe ao palco para voltar a interpretar a deslumbrante “Deja Vu”, ficando para a, também sua, “Darkest Night”. Ouve-se uma faixa feita em 2011, “Dream On” que espelha um verdadeiro sonho quente e nos eleva cada vez mais a alma. “Modular Jam” entra de rompante para nos apresentar uma fritaria boa tal jam inesperada. À medida que a noite vai caminhando sobre nós, a intensidade aumenta e o coração aperta, o corpo não responde mais ao cérebro, insistindo, cada vez, em seguir estes 4 senhores. “Hey Bo” traz-nos a voz ténue de Afonso Cabral e uma música dividida em vários graus e intensidades. Algumas músicas novas de seguida e a introdução de um novo instrumento – um Pipe que fez brilhar alguns olhos e inquietar ouvidos – antecederam a chegada de Luís às teclas, a encantadora “Flora” estava a chegar com uma nova feição e com ela o final de uma noite brilhante de electrónica sem preconceito.
O encore estava, claro está, a cargo da viciante “Take My Pain Away” que encerrou esta primeira noite de celebração. Em falta ficaram algumas faixas do álbum, principalmente aquela que é a minha preferida – “Tear Club”.
Nesta quinta-feira de chuva e frio assistimos a estreias e a uma noite entre outras duas que não mais se vai voltar a repetir. E porque é de momentos únicos que a vida se vai compondo, só resta agradecer a Moullinex por esta amável partilha e ansiar pelo novo álbum.