Um total de cinco residências artísticas vão pontuar a edição 2020 do Tremor com criações exclusivas que voltarão a relacionar a música com o território, activar a criação colaborativa com artistas dos Açores e envolver diferentes comunidades na produção de espectáculos. Ao já anunciado projecto Atlas São Miguel, com direcção artística de Ana Borralho e João Galante, juntam-se a nova colaboração com a Escola de Música de Rabo de Peixe, desta feita, com o músico Jerry the Cat, o encontro entre Filho da Mãe, Norberto Lobo e Ricardo Martins e o novo episódio do trabalho que Ondamarela tem vindo a desenvolver, desde há dois anos, com a Associação de Surdos de São Miguel e músicos locais.
Outra das imagens de marca do festival, o Tremor Todo-o-Terreno vai estar entregue ao trio Luís Senra, Sofia Caetano e PMDS, três músicos micaelenses que farão a sonorização de um percurso pedestre na ilha.
A colaboração entre o Tremor e a Escola de Música de Rabo de Peixe é uma história de talento, dedicação, inovação e transformação pela arte. Para a edição 2020, Jerry The Cat junta-se ao projecto micaelense para o espectáculo de abertura do festival que terá no jazz a matéria de negociação e exploração. É já também uma parte estrutural do ADN do festival, o encontro, no palco, do projecto Ondamarela e da Associação de Surdos de São Miguel. Nos últimos dois anos, pertencem-lhes algumas das imagens e dos momentos mais especiais e emocionantes do festival. Em Março, voltam a encontrar-se para dar mais um capítulo a este livro de memórias.
À sétima edição, o Tremor apresenta-se assim como um evento de pessoas, caras e comunidades, uma missão que se reflecte também no reforço da presença de artistas açorianos. Um desses espaços será o Tremor Todo-o-Terreno, este ano entregue à artista multimédia Sofia Caetano, ao projecto de piano e electrónica PMDS, e ao saxofonista, improvisador e performer Luís Senra. Em conjunto, imaginarão uma experiência plástica e sónica desenvolvida para um trilho pedestre específico, que culminará numa apresentação, ao vivo, na natureza.
Norberto Lobo e Filho da Mãe são dois dos mais respeitados músicos portugueses da actualidade, tomando a guitarra como o instrumento através do qual reinventam o mundo, tocando o universo de quem os ouve e acompanha. Donos de uma linguagem em constante estado de ebulição, conquistaram com os seus discos alguns dos mais disputados tops da crítica musical e, com isso, o respeito alargado de público e pares. Para esta criação especial no Tremor, juntam-se a Ricardo Martins, um dos mais interessantes e multifacetados bateristas a operar em solo luso. O espectáculo, primeiro capítulo deste encontro, contará com uma apresentação visual a ser desenvolvida em diálogo com a música.
Atlas, de Ana Borralho e João Galante, tem sido apresentado, desde 2012, em vários continentes, mais de uma centena de vezes. No Tremor, a dupla faz uma versão do espectáculo em Ponta Delgada para 100 pessoas/performers de diferentes profissões, sob o nome Atlas São Miguel. Um monólogo, um coro, um eco, uma canção, uma música, uma revolução, que pretende construir um atlas da organização social humana, uma representação através da sua função na sociedade em que se inserem.
O programa de residências do Tremor divide-se em três eixos: Música, Comunidade e Ilha; Processos colaborativos; Futuro e Memória – propondo a troca de saberes, colaboração e experimentação como estratégia para tornar São Miguel num estaleiro de criação. Este programa conta com o apoio da Fundação Millennium BCP, como mecenas principal, e da GALP e FLAD, para projetos específicos. No total, o programa de residências artísticas prevê envolver, este ano, cerca de 250 açorianos, entre artistas e população em geral.
O Tremor estará de regresso a São Miguel entre os dias 31 de Março e 4 de Abril com uma vasta programação de cruzamento artístico, concertos e conversas. A programação final será lançada a 27 de Fevereiro.
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Fotografia (capa) – Tremor