E ao 6º dia do mês terceiro do ano 2020, em terras de Ebora, tinha início um tal de Capote Fest: um festival inteiramente dedicado à música nacional e que tinha lugar na SOIR Joaquim António d’Aguiar, espaço centenário dedicado às artes e cultura. No cartaz deste primeiro dia oficial de concertos do festival Capote, composto de 4 bandas nacionais, de generos tão diversos como, por vezes, indefiníveis, o que é sempre algo positivo porque implica sempre a originalidade e diversidade tipicas daquilo que não se consegue rotular.
Após um excelente aquecimento dos semiCirco numa sala ainda a a compor-se mas sempre entregue aos sons que vinham do palco, seguiu-se o projecto do trio Cancro que no minimo supreendeu com uma actuação “in your face” crua e directa a cada uma das pessoas do publico com letras, sons e uma atitude que instigava todos a sairem da zona de conforto. O ponto alto da noite veio com uma actuação fenomenal dos Baleia Baleia Baleia, que mostrou o que duas vozes, um baixo e uma bateria podem fazer em termos de musica, energia e emoção. O fecho da noite esteve a cargo dos Marvel Lima, projecto local com uma sonoridade muito bem conseguida e energica que encheu a sala enfumarada de grooves bem ritmados.
SemiCirco
Uma banda de Évora, surgiu em 2016 como um projecto musical experimental por Diogo Fragoso, influenciado pela sugestão visual e sensorial do som e da sua dimensão cinematográfica. Os semiCirco são,Diogo Fragoso, Edgar Lage, André Bagorro e Carlos Carvalho e consolidam-se em 2019 pela vontade e necessidade geral de exorcizar e expurgar a crise existencial e de valores que atravessamos nos dias de hoje à escala global, através da música.
Cancro
Uma banda nascida das cinzas das fogueiras de cantautores e vieram para lhes queimar as violas, punk feito de 0’s e 1’s aos berros pelo ser humano em cima de guitarras sujas e chorosas. Compostos por Tiago Lopes, José Penacho (Marvel Lima e Riding Pânico) e Fabio Jevelim (Paus e Riding Pânico) apresentaram na SOIR o seu primeiro álbum “+” (mais) de 2019.
Baleia Baleia Baleia
Formados por Manuel Molarinho (baixo e voz) e Ricardo Cabral (bateria), os Baleia Baleia Baleia são um daqueles casos em que apetece dizer que o todo é maior do que a soma das partes. É
difícil não devorar o disco de estreia de um trago e levar a passear na mente as letras, melodias e refrães pegajosos de temas que já fazem parte do imaginário colectivo da banda.
Marvel Lima
Um projecto criado nas quentes e áridas planícies alentejanas, característica que influenciou o seu disco de estreia, está de volta e, desta vez, em modo quarteto. Após uma pausa estrutural e reflexiva, José Penacho, Diogo Vargas, Diogo Marques e Gil Amado criaram o sucessor do homónimo “Marvel Lima”, numa abordagem mais relaxada e madura, esteticamente mais limpa e directa, mas com o mesmo selo rítmico e groovado a que nos vieram a habituar.