Is That Real? Foi gravado em dois tempos distintos: no Inverno e no Verão. Cada um destes períodos de gravação foi singular: num deles os temas foram mais “cuidadosamente temperados”; num outro foram gravados em take direto com poucos overdubs. É desta dicotomia musical que vive Is That Real?
Os The Twist Connection são compostos por Carlos “Kaló” Mendes (bateria e voz), Samuel Silva (guitarra) e Sérgio Cardoso (baixo). Banda de Coimbra, tem nas suas raízes o rock n’ roll de outros tempos, mas, sem nunca negar novas influências, novas sonoridades.
Dito isto começando a ouvir o disco e começando pela faixa “Is That Real”, percebo a ligação não perdida ao rock de Coimbra, hello Tédio Boys ou É Mas Foice, mas aqui claro as sonoridades evoluem e o rock já não é tão ‘speedado’ mas continua a ter as guitarras como naturalmente não podia deixar de ser, aqui mais polidas e produzidas porque afinal já não vivemos no Portugal dos anos 80 ou 90 e hoje na aldeia global já é possível contar com préstimos na produção de músicos estrangeiros de renome como será o caso de Boz Boorer (Bowie/Morrisey) que aqui trabalhou na produção de alguns temas.
Continuando na escuta oiço “You Must Go Now” com riffs de guitarra a acompanhar a voz e a desenvolver o tema conduzindo o baile rock´n´roll de forma muito eficiente. As vozes estão muito bem conseguidas nesta canção que é um número curto na duração, mas eficaz.
“Bring Me The Storm” é uma canção bem conseguida, mas não compreendo a escolha para single, prefiro a anterior “You Must Go Now”, enfim, critérios editoriais presumo. “One Shot” tem voz feminina que presumo ser de Raquel Ralha, sendo a vocalista habitual colaboradora da banda, não sou, perdoem-me, conhecedor a fundo do trabalho anterior desta banda mas sei que têm-se fartado de trabalhar nos últimos anos e com os nomes envolvidos aproveitei a oportunidade de ouvir de seguida e na integra um disco completo dos The Twist Connection, algo que, confesso, nunca tinha feito, não poderia ser mau, e quem quer ouvir discos maus? – Ninguém. Não saio desapontado até agora. Existe aqui variedade e cuidado na produção, a canção traz nova dose de frescura com a vocal vivaz da cantora, sempre inserida nesta sonoridade rock ´n´n roll que já tinha reconhecido em escutas de temas ‘soltos’ de trabalhos anteriores desta banda. A canção tem um arranjo de percussão que discreto, lhe dá brilho.
Continuando na escuta, oiço agora “Fake”, canção com, novamente a voz de Carlos Mendes muito bem trabalhada, o tema agressivo na sua componente desliza que nem veludo, tamanho o aprumo sonoro de todos os instrumentos e vozes, se fosse DJ, que não sou, porque já tenho idade para ter juízo, esta seria a canção deste disco que escolheria para animar uma pista de dança.
“Trapped & Tired” continua na senda rock ´n´ roll com voz feminina de Ralha, é uma canção que remete para as estradas poeirentas dos USA, com letras interessantes com o baixo sempre a marcar, a bateria sempre a ‘rock’ n’rolar’. “Wont Make Me Fall”, traz voz masculina e feminina, novamente, variedade aqui não falta… quase que reconheço pelo som de bateria nos pratos a sala de captação dos Black Sheep Studios com um som tão distinto que produz este som tão nítido nos pratos ao ouvir “Stuck In Quick Sand”, canção novamente com a voz de Raquel Ralha. Com efeito este disco é fruto de diferentes sessões de gravação repartidas por dois estúdios, mas tem coerência sonora.
“Dust Devil”, último tema em escuta desta review, se calhar o que me diz mais, e se o diabo, cruz credo Deus nos proteja, parece ser tema recorrente nas bandas de Coimbra, então Jesus seja abençoado porque esta foi uma noite agradável de audição de um disco que demonstra um trabalho assinalável de uma banda e de todos os envolvidos certamente na sua concretização, e, confesso que sabia não ir apanhar ‘Seca’ saí com as expectativa cumpridas, embora o rock´n´roll dentro desta estética já tenha sido visto e revisto inúmeras vezes, este é – um disco a que se volta sem problema e que tem ao mesmo tempo um feeling live, apesar da cuidada produção, trazendo soluções de arranjos às canções e ao género, tem variedade e energia mantendo os clichês rock´n´roll mas não sendo um clichê.