Ficou disponível no dia 15 de Janeiro, em todas as plataformas, In Between o disco de estreia de P.S. Lucas. O longa duração marca o início de uma nova fase na carreira do músico açoriano Pedro Lucas. Gravado por Eduardo Vinhas em Mértola, o disco conta com as participações de David Eyguesier, João Hasselberg, João Sousa, My Larsdotter (My Bubba), Catarina Falcão (Monday, Golden Slumbers), Florent Manevoh, Jerry The Cat, Augusto Macedo e Ian Carlo Mendoza.
“Há diferentes maneiras da luz se intrometer na música: por vezes acomoda-se entre as notas e confere-lhes aquela paz que sem sabermos bem porquê nos faz sorrir e encher o peito (a esperança, pode não parecer, mas ocupa espaço); noutras ocasiões, essa luz incendeia as palavras, ou pelo menos ilumina-as e torna-as mais reais quando se libertam das gargantas que as cantam. Essa luz faz-nos acreditar na música, aponta-nos o caminho, impede que a gente se perca. In Between, o novo trabalho de Pedro Lucas, chega cheio dessa luz, daquela que se abriga nas dobras das melodias e que se sente entre as linhas das palavras.
À voz e à guitarra ritmo de Pedro Lucas, juntam-se neste álbum os vívidos desenhos melódicos de David Eyguesier na guitarra solo, as elegantes pegadas na terra que João Hasselberg vai deixando com o seu baixo eléctrico ou contrabaixo e ainda as doces cadências que João Sousa escreve nas peles da sua bateria. Há mais gente a povoar esta dezena de canções: My Larsdotter (My Bubba) divide com Pedro as palavras de “It’s Not My Fault”, Catarina Falcão (Monday, Golden Slumbers) oferece a sua elegante sombra vocal a algumas das canções, Florent Manevoh toca saxofone quando outro tipo de sopro humano é pedido nos arranjos, Augusto Macedo (Selma Uamusse e colaborador da dupla Medeiros e Lucas) traz consigo o cristal do Fender Rhodes, Jerry The Cat (Gala Drop) espalha congas em “The Terms”, o mesmo tema em que Ian Carlo Mendoza (mais um cúmplice de Medeiros e Lucas) também oferece os seus préstimos baterísticos. O álbum foi gravado por Eduardo Vinhas no Golden Pony antes da luz ter fugido pandemicamente diante dos nossos olhos, corria o mês de fevereiro (lembram-se?…), foi misturado em Compenhaga por Tommy Kamp Vestergaard (Efterklang, MEW) e masterizado no Porto por Mário Barreiros. E é isso: não há mais segredos neste disco.
O que há é a arte que Pedro Lucas tem vindo a refinar de há uma década a esta parte: o primeiro registo d’O Experimentar na M’Incomoda surgiu em 2010, o segundo um par de anos mais tarde e o primeiro encontro em forma de álbum de Lucas com Carlos Medeiros foi lançado em 2015. Tinha por título Mar Aberto e antecedeu Terra do Corpo (2016) e Sol de Março (2018). Mar, terra e sol, percebem? Matérias (ou ideias) sem as quais não é possível viver. Como a música.
In Between carrega ecos de modernos mestres das canções (e Lucas é o primeiro a falar em Bill Callahan, também aí não há segredos), mas a melancólica dolência com que embrulha as suas composições só a si mesmo pertence. Escute-se “While I Was Waiting for the Melody” para se perceber que esta música vive da luz que só aqui se encontra, que só aqui tem este tom, meio azul, meio sépia, meio mar, meio terra, meio presente, meio memória, meio silêncio, meio estremecimento. E é entre essas coisas, umas mais fugidias que outras, que Pedro Lucas encontra estas canções. Para nós não nos perdermos.”
Rui Miguel Abreu
Podem ouvir o disco aqui.