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Império Pacífico editam novo disco – Flagship

Foi lançado no passado dia 7 de Maio, em todas as plataformas digitais, Flagship, segundo longa duração de originais dos Império Pacífico. O LP será composto por seis temas que reafirmam o lugar que a dupla tem vindo a trilhar no universo da música electrónica portuguesa. A primeira data de apresentação ao vivo já está marcada, para dia 20 de maio, no Lux-Frágil.

Qualquer pessoa que tenha lido os travelogues de J. Maarten Troost saberá que o Pacífico, apesar de todas as romantizações de que a região tem sido alvo ao longo de décadas – das pinturas de Paul Gauguin às várias mutações da ‘Pacific’ dos 808 State –, não é um lugar tão idílico quanto nos possa dizer a etimologia. Também no Pacífico existem perigos; no oceano em si, e em cada qual daquelas ilhas, há um ângulo agudo que a leitura tropical que encetamos, à distância, não detecta.

Sem saber isto, seríamos tentados a encarar o nome Império Pacífico como sinónimo de uma tranquilidade de que tanto temos vindo a precisar, especialmente num tempo em que os nossos rostos são ocultados por uma máscara. Um ouvido desatento, que encontre por acaso a música da dupla, proporá a mesma análise. Porém, também os Império Pacífico possuem esse edge que indica haver algo mais para além dos ritmos e das notas sintetizadas; é o toque suave de uma revolução a nascer. Uma revolução que os terá como porta-estandartes, sob o possível lema ne télé-travaillez jamais

Quando tudo aponta rumo à aceitação alienante da condição presente, “Flagship” – tal como “Exílio” já o havia feito – recorda-nos que, debaixo da metrópole, existe a praia. Debaixo da tecnologia que forma o ambient dançável dos seis temas aqui presentes, existe a humanidade de nos podermos saber distantes, no Pacífico, nas Caraíbas, na esplanada de Bacardi-Cola na mão, bastando para isso deixar que o corpo inteiro, e não apenas a cóclea, ouça. Este é o som de um Pacífico, edgy, imperial, a erguer a sua espada para cortar todas as máscaras. Sejam ou não de Majora.

Podem ouvir o disco aqui.