Foi lançado no passado dia 14 de Maio Certain Rivers, o mais recente disco de originais de Old Jerusalem. Composto por dez temas, o LP estará disponível em todas as plataformas digitais e lojas de especialidade.
Este ano contam-se vinte anos que Francisco Silva deu vida a Old Jerusalem, o moniker que escolheu para assinar e interpretar canções que dão à menor das coisas uma grandeza singular. No início do século as canções eram povoadas pela inspiração de Will Oldham – foi buscar Old Jerusalem a uma canção dos Palace Music – e Smog / Bill Callahan. A influência norte-americana ficou, pela coragem de assumir as roupas de um cantautor que se faz ouvir sobretudo pela sua voz e guitarra. “Certain Rivers” é um regresso à inocência das primeiras viagens, com a experiência do passado bem presente. São duas décadas.
Duas décadas bem preenchidas. “Certain Rivers”, o novo álbum de originais – três anos depois do anterior “Chapels” -, abre com “High High Up That Hill”, que conta com a colaboração do norte-americano Peter Broderick. Uma abertura luminosa, curta, que serve de arranque para um álbum que sussurra mensagens, com uma aura pausada que recorda os tempos em que os Low produziam com Kramer. É um compasso que não é estranho a Old Jerusalem, já presente no seu primeiro álbum, “April”, mas que agora domina e controla ao longo de toda a narrativa de um álbum. As dez canções de “Certain Rivers” sabem que coabitam no mesmo espaço e comunicam de outra forma para o ouvinte.
As mensagens, a voz, são de Old Jerusalem. É claro que ao longo destes trinta minutos, o músico está a deixar as suas canções irem, a viajar para quem está do outro lado. Cada frase que canta parece-lhe dirigida, e elas amontoam-se para contar uma história que irá acalmar nestes tempos ainda turbulentos. A calma, autocontrole e paciência de Old Jerusalem são um antídoto involuntário para o hoje e amanhã imediato. Isso ouve-se em canções como “Youth And Grandeur”, “Tainted Rush” ou “In The Valley Of Shadows”. Com “Certain Rivers”, Old Jerusalem cria a sua propria estrada. Nós, deste lado, caminhos por lá, ao seu ritmo e como devotos de canções sensíveis.