É uma das conclusões do estudo lançado em Janeiro e agora apresentado pelo grupo informal de trabalho PISO JUSTO, um projeto autónomo nascido da precariedade atípica da actividade, que visa compreender o cenário laboral do DJing em Portugal enquanto contribui de uma forma positiva para a experiência deste tipo de fruição musical entre artista, promotor e público.
Esta falha na regularização — em que apenas 52% reconhece emitir recibos e 22% prefere não responder — dá-se pois 22% desta classe trabalhadora têm como cachê mais baixo uma quantia menor que 100€, sendo este mesmo valor o máximo que 22% alguma vez recebeu.
Com uma amostra de 158 DJs em que 64% admite ter outros rendimentos, apenas 40% reconhece conseguir viver apenas desta profissão, num universo de DJs que atua em cabines desde pequenas associações culturais a grandes festivais.
Tal como noutras profissões, não se pode limitar a função de disc-jockey somente às horas das actuações e julgar um piso (designação descontraída para “mínimo”) bem pago apenas pela sua duração, pois são artistas que não trabalham apenas quando têm o público à sua frente. Os resultados mostram que mais de metade apresenta as suas próprias composições — sejam elas autorais ou adaptações, e apenas 8% leva menos de um dia a preparar cada set. A autopromoção faz-se numa base quase diária, pois apenas 15% trabalha com agentes e não de forma independente.
41% atua com material valorizado acima de 1000€ (seja ele em hardware ou acervo discográfico) e 55% confessa atuar há mais de 7 anos. Quanto ao cachê mínimo reclamado, 60,46% dizem que deveriam receber entre 60€ e 250€.
O questionário levantou ainda questões de género e étnico-raciais como dados importantes para compreender o panorama sociopolítico de inclusão em Portugal:
A grande maioria, 83% tem nacionalidade portuguesa. Mais de 58% identificaram-se como homens-cis e o restante divide-se entre mulheres-cis, pessoas trans e quem preferiu não responder. Ainda 56,7% identificaram-se como pessoas brancas repartindo-se o restante entre uma diversa lista de identidades étnico-raciais.
A discriminação na cena noturna também foi questionada, onde uma lista de respostas apontam para casos de xenofobia, preconceitos e violências de género, por parte quer do público ou das próprias casas. Este quadro evidencia não só uma questão de falta de equidade de privilégios, como revela a importância de existirem espaços com maior diversidade e segurança.
O PISO JUSTO floresceu para criar pontes, derrubar barreiras e promover o diálogo entre artistas, promotoras e o seu público.
ANÁLISE COMPLETA dos resultados AQUI