Depois de revelar os temas “Maré”, “I Can’t Wait” e “Tango”, Rodrigo Amarante lançou no passado mês de Julho o seu muito aguardado novo álbum “Drama”, que dá mote à digressão que em 2022 passa por Portugal, nos dias 18 de Abril, na Casa da Música, no Porto, e em Lisboa, a 19 de Abril, no Capitólio. Os bilhetes encontram-se à venda nos locais habituais.
«É relaxante abandonar a ilusão de verossimilhança e trazer à tona a confusão e a contradição daquilo com que tenho que trabalhar, esses contos, a memória. Esse é o som de ‘Drama’.», escreve Rodrigo Amarante.
“Drama” começou a tomar forma no final de 2018, com a banda de Rodrigo Amarante – “Lucky” Paul Taylor na bateria, o baixista Todd Dahlhoff, Andres Renteria na percussão e Amarante na guitarra. Ao longo do processo de composição e gravação em 2019, algumas músicas foram retiradas do fundo das gavetas e outras ideias surgiram. No início de 2020, com o álbum ainda por terminar, a pandemia obrigou Los Angeles a um lockdown e Rodrigo Amarante viu-se sozinho, aproveitando para adicionar overdubs e misturar as canções com Noah Georgeson, embora os dois nunca estivessem na mesma sala.
Sem surpresa, o isolamento acabaria por ditar o som do álbum. «O bloqueio e a limitação produziram ótimas ideias. Comecei o álbum querendo focar no ritmo e na melodia, abandonar aquelas ricas progressões de acordes e modulações que herdei do Brasil e ser mais direto por um tempo. Enquanto escrevia, percebi que havia um gatilho para mim naquela tentativa, uma sombra do garoto de cabeça raspada que eu deveria ser, sugando-o. Em vez disso, abracei as complicações que herdei.»
“Drama” termina com o piano e a voz de Amarante em “The End”. “Viver é cair” e perguntamo-nos: depois de todas as turbulências emocionais por que passou, será alguma mensagem de despedida? “Tudo vai bem”, responde Rodrigo Amarante. «Sussurrando. Você fica mais alto assim, as pessoas respondem melhor a um convite», e acrescenta: «Encarar o absurdo permanecendo gentil, estando aberto aos dons da confusão; é por isso que criamos essas ferramentas que são histórias e músicas, para nos ajudar a ver uns aos outros.»
Os menos versados na obra de Rodrigo Amarante lembrar-se-ão de “Tuyo”, a música da série Narcos da Netflix. Ou do álbum Little Joy. Talvez fiquem surpreendidos com os seus créditos na autoria de canções de Gal Costa, Norah Jones e Gilberto Gil. É possível que o tenham visto a tocar ao vivo com o super grupo brasileiro de samba Orquestra Imperial. Mas é sobretudo provável que se lembrem dele na mítica banda carioca indie Los Hermanos. Já para os que acham que conhecem tudo sobre Rodrigo Amarante, “Drama” vai trocar-lhes as voltas.
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Fotografia (capa) – Elliot Lee Hazel