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Iguana Garcia lança disco novo que cruza os palcos e a pista de dança

Ficou disponível, na sexta feira passada, em todas as plataformas, Ilha da Iguana, o terceiro disco de originais de Iguana Garcia. Gravado ao longo do último ano, o novo registo dá pontapé de saída na Disco Interno, editora fundada pelo próprio. Os concertos de apresentação já estão marcados: 23 de outubro no NúcleoA70 em Lisboa, 6 de novembro no Ferro Bar no Porto e 13 de novembro no Café Concerto Mavy em Braga.

Nenhum homem é uma ilha, escreveu John Donne em 1624. Quase quatrocentos anos depois, constatamos que os homens podem-no ser de facto, bastando para isso isolarem-se – forçadamente, ou não – do mundo exterior e construírem as suas próprias narrativas e fronteiras. Assim tem sido com Iguana Garcia, dono de uma música que foge aos padrões impostos pelos media ou pelo marketing, onde dança e eletrónica se fundem sem quaisquer preocupações de género: house, techno ou indie. Se quisermos ser honestos, que importa isso? Falamos de alguém que no passado admitiu ter pensado em deixar de ser feliz para ser normal, e que depressa percebeu que “normal” é uma coisa que não existe (nem deve).

Ilha da Iguana apresenta-se como a síntese da filosofia que Iguana Garcia havia professado nos seus dois álbuns anteriores, Cabaret Aleatório e Vagas: cruzar o que à partida parecem dois mundos opostos, o de “músico” e o de “DJ”, num filme sempre eletrónico e onde cada canção goteja para a seguinte. É, evidentemente, um título onde não parece existir qualquer inocência. Tal como todos nós, Iguana Garcia viu-se obrigado a fechar-se em casa e a erguer defesas antiaéreas para sua própria proteção. A diferença é que, enquanto a esmagadora maioria da população sonhava com o dia seguinte, a Iguana aceitou de bom grado esse isolamento, verdadeiro motor para a criatividade. A prova são os temas que, diariamente, foi colocando no seu Soundcloud, a criação deste mesmo disco, e o escrever do verso que melhor traduz o estado de alma de alguém que pertence ao mundo mas se localiza fora dele: que a quarentena nunca passa, p’ra mim não interessa… À medida que viajar (e dançar) volta a ser permitido, não colocar a Ilha da Iguana no roteiro é algo inconcebível. Fazê-lo conscientemente é sinónimo de uma normalidade que, no dia em que esta palavra horrenda volta à baila, não queremos de todo ser.

Fotografia – Ana Viotti