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Goodbye, Ölga lançam novo single “You”

Noise, rock, distorção, electricidade e guitarras em modo explosão versus contenção. Melodia e ritmos contrastantes, sincopados tudo bem embrulhado numa cadência hipnótica.
O som dos Goodbye, ÖLGA é suave na vertigem, é áspero na suspensão, conduz-nos a uma mistura de emoções, agridoce, intempestivo e contemplativo.
“You” condensa uma marca bastante assertiva deste disco dos Goodbye, ÖLGA.
Começa com um diálogo entre a bateria e as guitarras, sons caleidoscópicos que desenham a primeira camada da música. Rock’n’Roll assente em múltiplos rasgos de irreverência, harmonias e distorção de mãos dadas, felicidade nos rasgos criativos que desembocam nos 15 temas em que “You” é mais uma peça do puzzle ÖLGA. Goodbye, ÖLGA.
A música é um substantivo que irradia uma multiplicidade de sensações, há sinestesia, coabitam emoções e, mais importante do que tudo, o prazer da audição que nos eleva, pontualmente, a um transe espiritual, um rito, uma crença mundana, um escape que revela a nosso regresso às raízes, ao Verbo Rock’n’Roll… “You” és tu ao espelho, a música que nunca te deixou.
Aquele lugar familiar ao qual temos o hábito de regressar porque é, simplesmente, isso, o eterno retorno a um espaço familiar. O Rock habitado por guitarras, baixo e bateria.

André Gonçalves, locutor Rádio Radar

Os lisboetas Goodbye, ÖLGA comemoram os seus vinte anos de existência com o lançamento de um álbum duplo de título homónimo editado dia 11 de Fevereiro. Nesta edição de autor com o apoio da Fundação GDA, toda a composição e gravação ficaram a cargo do quarteto lisboeta, sendo a mistura, masterização e co-produção entregues ao eterno colaborador da banda, Eduardo Vinhas.

O duplo álbum Goodbye, ÖLGA é um concentrado de emoções que circundam o mundo do indie, desferindo golpes profundos a qualquer ouvinte, munidos de um rock que se amplia ao post-punk não convencional da banda. Essa multiplicidade de estilos foi a súmula sonora dos vintes anos que solidificam a personalidade do grupo – até então apenas ÖLGA.

Dos dois lados que compõem o disco, o vermelho, de cariz mais direto e melodioso, por vezes intimista, inspira de imediato a uma luminosidade reminiscente da veia indie, onde temas como “Fool Cool”, “In Your Head” e “The Pill” definem o passo energizado do vermelho. Esse passo é muitas vezes aprimorado – ora pela linguagem krautrockiana de “You”, ora pelo embalo estelar de “Out to Dance” –  formando-se numa espécie de carta escrita a tudo que foram os ÖLGA. “Uptown”, o tema que encerra o lado vermelho, transpõe uma força devidamente orquestrada que pontifica ambos os lados.

No outro lado do disco, o preto, de inclinação sonora atmosférica mais sombria, experimental e psicadélica, a energia sonora assume um tom negro e a linguagem familiar que definia ÖLGA, adopta uma estranheza única que se edifica ao longo do disco, tornando Goodbye, ÖLGA numa nova percepção. O ritmo é pulsante, demencial até, quando em temas como “Concrete Falls” e “Cop’s Delight” nada sobra senão o frenesim do desconhecido. Esta nova existência serve um cenário perfurante – guitarras dissonantes, ritmos fugazes – e a premissa de que é um disco novo num cenário novo, instala-se de imediato com temas como “Cure for Joy”, “Singapore” e “Only 18”, onde o calor ficcional do negro abarca tudo numa vontade de galopar ao sabor do ritmo.

Fotografia – Michael Nice