A dupla americana de Brian’s regressou a Lisboa depois de um estrondoso concerto no Liceu Camões e um furacão que abalou Coura para nos brindar, uma vez mais, com a sua força e terapia noise.
A curadoria era da ZDB mas o palco foi o da sala pequena do LAV na passada quarta-feira, dia 1 de Junho.
Os Lightning Bolt deram, uma vez mais, um espectáculo inesquecível! Com a capacidade única de nos mostrar deus e o diabo, estes dois amigos brindaram-nos com pouco mais de uma hora de transe absoluto em camadas e camadas de distorção, anarquia sonora e loops de loucura caótica onde os nossos sentidos são abanados e se começam a questionar. O baixo de cinco cordas não faz jus à expressão corporal do seu mestre e, para além de inquieto, traz o calor das explosões distorcidas que cria naturalmente. O outro mestre, o da bateria, com a voz tal desenho animado que é mais imperceptível do que perceptível, torna-a em mais um instrumento e funde-a com a percussão esmagadora que nos sova de todos os lados numa espécie de ritual de libertação.
As músicas eram longas e com o mesmo nível de intensidade, entre elas, intros meio celtas, meio psicadélicos, meio tranquilos que nos deixavam voltar a respirar, para depois serem rasgados por um noise absoluto, majestoso e extremamente ofuscante que, nada mais nos trouxe que um deleite profundo.
Apesar do cansaço que pode trazer um concerto destes, o estado mais puro e intenso do noise, houve tempo para um regresso com mais uma música para nos mimar o copo.
Saímos daquela sala com a certeza de ter deixado muito ali dentro, principalmente peso indesejado e a vontade de que esta dupla nos traga mais vezes estes rituais que, não só nos limpam os ouvidos, como nos limpam a alma de uma só rajada!