2022 Concertos Festivais NOS Alive Reportagens

NOS Alive’22, e no útimo dia a Doninha arrasou!

Estávamos a chegar à reta final da edição mais longa de todas as edições do NOS Alive, o quarto dia do festival. Se por um lado este dia foi excecionalmente integrado nesta edição pelo concerto de ‘despedida’ de uma das bandas portuguesas mais icónicas de sempre, por outro lado, e dadas as circunstâncias vividas nos dois últimos anos, foi um plus à fome de concertos que todos estávamos a sentir.

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Mais um dia com o recinto lotado, não fossem os Da Weasel realmente merecedores desse feito. É importante referir que esta edição não foi muito generosa com os músicos portugueses contemporâneos, pelo menos a tomarem algum protagonismo no palco Heineken, dado que pelo Coreto, palco Clubbing e palco Fado, estiveram ainda assim representados. Porém ainda nos faltava a beleza crua e aconchegante do Manel Cruz, que iria estar a fazer as honras dos tugas neste palco secundário.

O ambiente no recinto esteve (mais um dia) inter-geracional, a evidenciar as gerações mais jovens, não fossem os Mother Mother e os Haim mais direcionados para eles. Mas não nos esqueçamos que, quem viveu os Da Weasel, são “os tais, que viraram pais” e, por esse motivo, fizeram-se acompanhar orgulhosamente pelos seus “diamantes” adolescentes e pré-adolescentes.

A linha que separava o sol abrasador da sombra suportável no palco NOS, evidenciou-se bastante às 18h00. Os canadianos Mother Mother abriram o último dia e fizeram as delícias dos mais novos. A banda canadiana (Vancouver) de indie rock trouxe um espetáculo à medida do público, condicente com as suas músicas ritmadas numa linha continua sem surpreender com um ou outro arrojo nos instrumentos. E porque como o melhor é mesmo “queimar os problemas” e seguir em frente, não ficámos muito tempo pois tinhamos a conferência de imprensa da “equipa de Almada” às 18h30m.

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Se os Mother Mother fizeram o seu papel de indie adolescente sem grandes avarias, já as moças norte americanas (Los Angeles) Haim conseguiram ser mais arrojadas, na atitude principalmente! Giras nas horas, com uma presença em palco incrível fizeram mexer os ombros dos que guardavam lugar para a banda da margem sul. Com um outfit apropriado ao calor que se fazia sentir (“I´m your summer girl”), rasgaram as guitarras com furor quando assim os acordes o permitiam. Contentaram os fãs e conquistaram mais uns quantos, nesta terceira passagem por Portugal. O público juntava-se com agrado e correspondia às deliciosas provocações deste trio de irmãs. Concerto que encaixou que nem uma luva nesta tarde quente de verão e de festa.

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Da Weasel. E finalmente o concerto tão aguardado desde o momento da primeira confirmação, ainda em 2019, o regresso da doninha aos palcos! Na conferência de imprensa pouco tempo antes de subirem ao palco NOS, Pacman (Carlão) confessou que estavam a ficar um pouco nervosos porque já tinham muitas pessoas a olharem para eles (os jornalistas). Imagino o que terão sentido com 55.000 pessoas sedentas dos seus hits, ansiosas por aquele momento, depois de uma espera de dois anos. Bolas, dois anos é muito tempo!

A sensação que fui tendo ao longo do concerto foi que nunca tinha deixado de os ver. Como se 1997 tivesse ficado em suspenso numa garagem em Almada. Como se o Vírgul continuasse a dar mortais a entrar em palco durante mais duas décadas, o Pacman a meter-se com o baixo do Nobre e o Quaresma a marcar o ritmo em explosões consecutivas. Ficaram fechados num bloco de gelo, para descongelarem ali à nossa frente e deixarem tudo naquele palco. A voz cristalina sem cansaço aparente, sempre a conseguir acompanhar os saltos energéticos, “jump, jump, jump”. As subidas de timbre de Vírgul como se a “Nina” continuasse a cuidar de todos com o mesmo carinho e dedicação. O “carojo” que esteve presente em tantos momentos de franca inspiração, deixou um legado de excelentes músicas e de uma história de vida que continua a ser (en)cantada. Anos lixados para uma juventude apesar de tudo ainda desprotegida (pós 25 de abril), de consumos de litrosas de coca-cola e a viver à rasca. A nossa juventude, que mesmo depois de alguns tropeções, se reergueu e continuou a acreditar que a vida é muito fixe!

Canções para namorar (“agarrar nelas”), para saltar e para gritar. Estiveram todas no alinhamento, “Re-tratamento”, “Dialectos de ternura”, “Toque-toque”, “Carrocel”. Eles bem avisaram que o alinhamento iria ser incrível e o concerto “do caraças”! Acredito que tenham estado todos off no domingo, a adrenalina consumi-os de certeza. E fica no ar a pergunta para um milhão de dólares, os Da Weasel irão voltar?

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Phoebe Bridgers. A jovem cantora e compositora norte-americana conseguiu a proeza de encher o palco Heineken, ao mesmo tempo que os portugueses Da Weasel tocavam no palco NOS, situação stressante para quem queria ver os dois concertos. Percebemos de imediato que o público estrangeiro estava em delirio no palco secundário. E mesmo o pouco tempo que assistimos, compreendemos porquê. Um cenário maravilhoso, com jogos de luzes (quase) perfeitos que acompanhavam uma fígura fortissima, na voz e na presença. Pelo furor que anda a fazer mundo fora, e apesar desta ter sido a sua estreia em terras lusas, muito provavelmente iremos ter a outra oportunidade dentro em breve de voltar a vê-la numa sala aqui perto.

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Os festivais têm destas contrariedades, concertos quase sobrepostos que nos fazem tomar opções. E foi o caso dos americanos Imagine Dragons no placo NOS e Manel Cruz no palco Heineken. Os Imagine Dragons são das bandas de pop-rock mais populares da atualidade e isso constatou-se pela demonstração da alegria efusiva dos mais jovens, que não arredaram pé do palco NOS. E é essa popularidade que os faz repetentes no festival NOS Alive (três vezes), e serem tão acarinhados pelo público português. Dan Reynolds é um defensor acérrimo da comunidade LGBT (e outras cenas) e em palco extravasa a sua identidade com fúria e determinação. Mas ficámos pouco tempo para apurar com mais exatidão essa efervescência identitária, o Manel Cruz já estava no Heineken e não quisemos perder mais tempo.

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Manel Cruz foi um bálsamo que nos pulverizou a alma. Singular, intenso, desprovido de apoios de banda e rodeado das guitarras, do ukelele e dele próprio. O suficiente para (quase) uma hora de cumplicidade com um público, que o acompanha há tempo suficiente para saber que seria um momento para tatuar o coração. As músicas saíam-lhe das entranhas e vinham direitinhas para o nosso colo. As canções de “Vida Nova”, de 2019, desenharam a estrutura numa espécie de esboço contornado a tinta-da-china. As estórias que antecediam os temas, iam dando substância, como pinceladas de aguarela translúcida e colorida. Músicas escritas em contexto de pandemia, onde o bloqueio de uns contrapôs a inspiração de outros. E as “músicas de dor de corno” acabam por ter aquela beleza sofrida, onde um ou outro de nós se revê e sorri.

Quase no final, Manel Cruz ainda teve tempo para tirar a t-shirt, e brincar com o seu peito franzino com um aviso “não façam como eu, não abusem do ginásio”. Com o tempo em contra-relógio (passa tão depressa quando estamos bem!), deixou o palco com o público rendido à intensidade daquele momento. Regressou em pressa, porque afinal ainda lhe deram “mais 4 minutos” para a última desta noite. Uma despedida custosa (para ele e para nós), com o público a aplaudi-lo efusivamente e com pouca vontade de o deixar ir. “Muito obrigada, até à próxima”. Com o Manel Cruz haverá sempre uma próxima.

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Two Door Cinema Club. Mais uma banda repetente no Passeio Marítimo de Algés. E se em 2018 não nos surpreendeu, desta vez também não. Problemas de som logo no inicio, que estragaram o hit “What You Know”, fazendo com que o repetissem no final do concerto. Com muito público a desertar para Parcels, que tocavam à mesma hora no palco NOS e esses sim, fizeram justiça à música de dança. Este trio é concerteza para continuar a ouvir e acompanhar, são muito bons, mas ao vivo continuam a não conseguir agarrar o público nem a fazerem um esforço para justificarem os vários contratos com os promotores de música portugueses.

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