“Terra Dormente” foi editado a 8 de Abril deste ano em CD pela Omnichord Records e apresentado ao vivo pela primeira vez na “Culturgest” em Lisboa a 16 de Março.
O mundo duplo e confuso, esclarecedor e sombrio que Filho da Mãe criou no seu mais recente trabalho, chega finalmente em vinil, formato para o qual tinha sido pensado originalmente. Tortuoso no percurso, dormente pelo ano que se seguiu mas radiante por existir.
“Terra Dormente” é lançado a 14 de Outubro, data em que será apresentado ao vivo no Passos Manuel, Porto. Durante o mês de outubro, a digressão “Terra Dormente” passa ainda pela Casa Bissaya e Barreto, Coimbra (15 outubro), pelo Carmo 81, Viseu (21 de outubro) e pelo Bang Venue, Torres Vedras (29 de outubro), salas bem conhecidas do guitarrista e que, passados uns bons anos, já deixam saudades.
Rui Carvalho, artisticamente conhecido como Filho da Mãe, é autor de um percurso ímpar e de um universo muito próprio na música portuguesa. As primeiras incursões com mais visibilidade nos palcos aconteceram com os “If Lucy Fell”, banda de noise pós-hardcore com tendências para a matemática desajeitada. No entanto, foi no seu percurso a solo, e a partir de uma relação profundamente cúmplice com a sua guitarra, que construiu uma identidade sonora intimista assente numa ampla e inventiva discografia: “Palácio” (Rastilho Records, 2012), “Cabeça” (Cultura Fnac e Lovers & Lollypops, 2013), “Tormenta” (Revolve, 2016), “Mergulho” (Cultura Fnac e Lovers & Lollypops, 2016) e “Água-Má” (Lovers & Lollypops, 2018).
Quatro anos após o último álbum de originais, o músico regressa às edições discográficas com “Terra Dormente”, o sexto álbum de originais, onde navega sobre o próprio movimento de confinamento e desconfinamento que todos vivemos e que foi marcado por diferentes estados emocionais entre a esperança e o pessimismo, a ilusão e a realidade. Este é um disco que reflete esteticamente sobre um estado de dúvida constante e que nos força a caminhar no imprevisível. Gravado ao longo de dois anos, o álbum foi construído em três residências artísticas, nomeadamente no Music Box (CTL), em Ílhavo/Gafanha da Nazaré (23 milhas) e, de volta a Lisboa, na Fábrica de Pão (CTL).
“Terra Dormente” é um álbum onde Filho da Mãe suscita um diálogo intermitente, ora mais explícito ora mais tácito, entre a guitarra clássica e a guitarra elétrica, acentuando um efeito de duplicidade e confusão entre dois mundos sensoriais, um deles onde predomina o sonho e a imaginação, e um outro onde se convoca uma ideia de apelo à “realidade”. Refletindo o tempo da sua criação, este é um álbum marcado pela dúvida e a incerteza, mas também pela tenacidade e a resistência. Um álbum de introspeção do tempo vivido, tanto quanto de apelo ao diálogo e à imaginação, a partir de composições que espelham a matriz de um criador que identificamos aos primeiros acordes e que aqui amplia o seu universo sonoro. Assente numa forte carga emocional, este é um álbum que reflete tensão e descompressão ao longo de todo o seu alinhamento.