As palavras e a música. A música e as palavras. O dom de encantar e a fantasia sensível de ser encantado.
A ilusão das coisas e o sentir que se desfazem em mensagens cruas, nuas e cheias de si. O si que sou eu, que somos nós e que nos despe de tudo, deixando-nos ajoelhados perante a plenitude da vida e tudo o que ela nos faz sentir.
Por vezes não conseguimos exteriorizar o que sentimos. Por vezes que são demasiadas vezes.
Aqui, nesta viagem pintada com 10 paisagens, não é que se consiga fazê-lo na sua forma mais directa, mas conseguimos senti-lo de todas as formas e por todas as formas que não podemos expressar.
Sem tremer, mas cobertas de espasmos, as palavras correm contra nós esmagando-nos contra a leveza do ser. Aquela que pesa toneladas.
As mãos, essas, ardem sem arder e tocam sem tocar deixando-nos desnorteados, desamparados, sem saber o que acabámos de absorver.
Mãos no Fogo não é apenas um disco com palavras entrelaçadas em sons. É toda uma forma sem forma que nos tira o ar e nos enche de todas as dicotomias possíveis que a vida carrega.
A poesia de Regina, já de si, plena de sentir, ganha outra dimensão na sua voz. As sonoridades escolhidas por Fred são o par perfeito para este rendilhado de palavras que tanto transportam no seu sentido.
A intensidade é de tal forma ofuscante que os olhos humedecem e o coração acelera à medida que se o sentimos a ganhar dimensão dentro de nós. É um disco para se sentir lentamente e para se recuperar depois de o fazer.
Fred Ferreira convidou uma das pessoas que o inspira Regina Guimarães, poetisa, cineasta, dramaturga e letrista a escolher poemas para poder musicar. Os poemas e letras de Regina fazem parte das memórias de vida de Fred e desde o dia 23 de Janeiro que fazem parte das nossas também.
Podem fazer esta viagem sensorial ao vosso interior aqui.