Não é apenas coincidência que o nome deste disco de estreia seja o nome de uma música de Mark Lanegan. Isto porque, todo este disco cheira e transborda rock na sua essência mais grunge não só pela sua composição mas, também, pelas temáticas mais melancólicas e cheias de sentimento.
Them Shadows junta os músicos Tiago Simões (Dollar LLama) e Mike Ghost (Men Eater, Fantasma, More Than a Thousand) e vem traz uma boa dose daquilo que foi o auge dos anos 90 no que ao rock diz respeito. Com riffs quentes e, ao mesmo tempo com sabor ao frio que nos sobe pela espinha, uma voz densa e que aconchega, é um belo disco para degustar lentamente.
Nas palavras da banda: “Começaram de forma bastante inocente, na pré-pandemia, como um projeto embrionário que visava gravar e produzir músicas feitas por Simões durante o início de 2020, com uma abordagem descomprometida baseada na partilha e troca de ideias. O que seria apenas uma sessão de gravação de um simples EP cresceu para se tornar num álbum composto em conjunto, onde a química mútua foi solidificada pela evolução das performances íntimas, cruas e confessionais da voz de barítono de Simões e pelas orquestrações sónicas de Mike.
Com uma forte influência do rock alternativo, um toque de shoegaze, folk-blues melancólico e uma sonoridade reminiscente dos anos 90, as músicas despertaram a consciência dos autores, fazendo-os perceber que tinham em mãos um álbum diferenciador com potencial para alcançar um público mais amplo e exigente.
Místico, imprevisível e até impactante, Greys Goes Black, o álbum de estreia dos Them Shadows, incorpora e desafia todas as expectativas sugeridas pela notoriedade individual dos seus protagonistas. A atração pela solidão e melancolia não é surpreendente, considerando as personalidades individuais da dupla, reflectindo-se na sonoridade geral do disco. A malha sonora de Grey Goes Black flutua entre músicas introspectivas de natureza mais espiritual do blues/rock-soul messiânico e outras que assumem uma vertente de luz (negra) do rock dos anos 90 e 70.
Desde o galopar arrastado de “Sorrow” e “Lifecurse”, que abraçam a mágoa e a toada rítmica sempre presente no disco, passando por hinos de folk-blues-rock como “Mourning Blues” e “Of My Bones”, até a assombrosa “Lowve” e o pop-psicadelismo de “Sunchild”, o álbum termina com a faixa penitente e desconcertante “Them Shadows” (música que dá nome à dupla).
Gravado e produzido no Santo Estúdio, em Lisboa, pelo seu fundador, Mike Ghost, Grey Goes Black é um álbum enraizado no rock alternativo, artesanal mas modernista, repleto de melodias que se entranham e prendem o ouvinte na atmosfera de cada canção, sem nunca o largar.”
Grey Goes Black saiu no dia 31 de maio de 2023, acompanhado do primeiro single “Black Leather”.
Este single fala sobre rebeldia e inconformismo, sobre assumir uma identidade e cultura alternativa, abrindo caminho para um rugido de rock polido com elementos sónicos quase psicadélicos.