Dos Nirvana aos Mudhoney, passando por Green River, Soundgarden e até Foo Fighters não são poucas as bandas que foram influenciadas pelos Melvins de Buzz Osborne. Tendo passado por várias mutações sonoras ao longo da carreira, os Melvins devem ser a banda com mais discos que conheço: são 25 álbuns de estúdio, 6 EP’s, 7 ao vivo e mais umas tantas compilações e outras loucuras mais, isto em apenas 40 anos! 40 intensos anos que influenciaram a vida de milhares, senão milhões, de pessoas e algumas boas dezenas de bandas e foi em jeito de celebração da vida e daquilo que de tão bom nos traz a música que vieram, finalmente, em nome próprio a Portugal.
Passaram primeiro pelo Porto e desceram para Lisboa no passado dia 9 de Julho para deixarem o Capitólio literalmente a altas temperaturas.
A banda que os acompanhou nos dois concertos foi Vircator. Os vianenses abriram a noite com a sua viagem no tempo e pelo mundo das civilizações antigas. Trouxeram meia hora do seu melhor post metal, denso coeso e carregado de composições arrojadas e cheias de força. O público entregou-se a eles de imediato e foi uma bela passagem sonora pelo seu mais recente trabalho Bootstrap Paradox.
A sala já estava bastante quente quando o trio chegou nos seus fatos meio místicos meio lunáticos e nos despejou uma descarga de adrenalina em cima! Velhos só se forem os trapos que carregam, porque energia não lhes falta e o sarcasmo também não! Esse sempre os acompanhou. Desde o aparecimento em palco com uma dança ao som de “Take on Me” às danças endiabradas do baixista, os Melvins vinham cheios de fome! Daquela fome que nunca se mata, apenas se alivia.
O baixo, extremamente denso e a guitarra muito bem rendilhada trouxeram-nos aquele metal que tanto tem de sludge como de doom nas suas extensas passagens e paisagens, acompanhado da voz de Buzz tal e qual como a mostrou há 40 anos atrás, nem forte nem fraca, no tom certo.
Passaram por oito discos não deixando de lado o seu mais recente Bad Mood Rising, sendo que os principais protagonistas foram o aclamado Houdini e o Bullehad. Houve tempo para a versão de “I Want To Hold Your Hand” dos The Beatles (é sempre engraçado ouvir The Beatles em versão metal) e, ainda, o encore com “Boris” e Buzz à capela sozinho no palco a fazer a sua magia. Apesar de não terem fugido ao seu lado metal durante todo o alinhamento, foi na recta final que os ânimos dispararam com êxitos como “Honey Bucket”, “Revolve” e “Night Goat”.
Foi com Buzz sozinho no palco que terminava uma noite esgotada, quente, explosiva e cheia de saudosismo pelos anos 90! Sim, porque os Melvins têm aquele cheiro vincado dos 90’s que tanto nos acompanhou na fase da revolta e rebeldia. Que continuemos a ter estas bandas sonoras a acompanhar-nos e a ver-nos crescer e que possamos voltar a elas nestes momentos quentes de salas de espetáculos!