Há todo um processo de maturação, consciência e solidificação em relação à vida quando entramos no número redondo 30. Apesar de muitos referirem ser apenas um número, a idade reflecte muito mais isso e no caso sobre o qual vos escrevo, reflecte tudo o que já identifiquei e mais ainda, a celebração da música.
O Festival Paredes de Coura que agora é Vodafone, mas começou de forma diferente, sempre primou por nos trazer o melhor da música nacional e estrangeira. Do underground ao mainstream, do conhecido ao desconhecido, sem perder a autenticidade e qualidade.
Este ano celebramos 30 anos daquele que é o maior e melhor festival de verão do país. Aquele que é, sem a menor dúvida, o melhor festival do país. Não só pela qualidade e selecção musical mas, também, por todos os anos nos oferecerem o melhor cenário, ambiente, espaço e a melhor forma de parar o tempo durante uma semana num local que respira tranquilidade e uma energia indescritível.
Assim e para celebração destas 30 edições, começo as minhas sugestões pelo já habitual Festival sobe à vila que antecede os dias de festival e garante que os ânimos vão aquecendo a quem já está instalado na vila e no parque de campismo. Assim, Sábado dia 12 de Agosto há concerto de Máquina e Dj Set de Aníbal; dia 13 o palco recebe Velhote do Carmo, Iolanda e DJ Vivax; na Segunda-feira, dia 14, teremos Democrash, Them Flying Monkeys e DJ Flux e, para terminar, o dia 15 encerra com Palas, 5ª Punkada e DJ Groove Armanda.
É tempo de regressar ao aconchego do anfiteatro natural! Não sendo ainda conhecidos os horários e, por isso a distribuição por palcos, faço uma análise pelo line up apenas. Assim, o dia 16, primeiro dia de festival, começa com os nortenhos Evols e com a sua sonoridade soft psych. Na mala o seu terceiro disco III lançado em 2020.
De seguida, o conjunto musical italiano Calibro 35 e a sua sonoridade que varia entre o sensual e a dança, misturando funk, soul e música italiana da década de 70.
Em jeito de flashback, regressamos ao passado numa sonoridade mais 90’s, cheia de rock, grunge e algum shoegaze em forma de Julie que me parece ter todo o potencial para um concerto bastante intenso.
De New Orleans e em jeito do seguimento da onda post punk e no wave que bem se está a instalar ultimamente no mundo da música, os Special Interest vão, sem a menor dúvida electrizar e incendiar o público.
Na linha do post punk mas de uma forma mais dançável, melódica e com composições ligeiramente mais complexas, os Squid são os seguintes no cartaz, tornando este dia cada vez mais apetecível.
De regresso aos anos 90’s e à sua linha mais rock, neste caso com alguns desvios pop e traços mais suaves, a artista Snail Mail vai proporcionar dualidades que tanto vão ter de introspecção como de euforia generalizada.
Arriscaria dizer que este dia será o mais forte a nível de line up. Mantendo a sonoridade post punk, desta vez sobem ao palco os londrinos Dry Cleaning que, apesar da postura e sonoridade mais sóbrias, com uma vocalização spoken word, vão, certamente criar uma atmosfera perfeita de difusão energética.
Para aumentar a intensidade e o ritmo cardíaco, Frank Carter & The Rattlesnakes com o seu punk rock rápido e explosivo. Depois de uma passagem pelo LAV em Novembro, o artista e a banda regressam agora a Portugal para aquecer as margens da Praia do Tabuão!
Num registo um pouco mais calmo, o trio americano Yo La Tengo, regressa ao nosso país com um novo disco na bagagem. This Stupid World saiu em Fevereiro deste ano e mantém os traços indie rock paisagísticos que tão bem caracterizam a banda.
Para terminar a noite um pouco de ritmo dançável com a cantautora Jessie Ware. Com novo trabalho também deste ano, a talentosa artista vai meter toda a gente a dançar com a sua disco e pós disco extremamente apetecíveis ao toque e ao ouvido!
Por fim, e em modo mais electro que disco, o duo Bicep e as suas produções intensas e de eletrónica luminosa e lânguida
Quinta-feira começa à beira rio com os concertos de Du Nothin e Raquel Martins a acompanhar os banhos dos festivaleiros.
Já no recinto, a estreia de A Garota Não e a sua poesia de intervenção cantada em formato canção pop com contornos ligeiros de folk, perfeita para um início de dia e fim de tarde.
Tim Bernardes encaixaria muito bem no seguimento deste concerto. O cantautor brasileiro focado numa lírica mais introspectiva que o instrumental acompanha, poderá destoar se foi colocado no meio de outros géneros musicais e até correr o risco de se tornar aborrecido.
Em jeito de despertar dos sentidos e do toque sensorial, a pop solarenga e dançante de Avalon Emerson & The Charm com um brilho próprio que acredito que seja facilmente incorporado pelo público.
Para despertar desejo e a vontade de dançar, os Desire apresentam uma synth pop elegante, sensual e apetecível, com alguns traços de fetiche e new wave para dançar, certamente, de olhos fechados.
Uma das bandas mais aguardadas da noite e talvez a mais antiga também, trará uma bela viagem ao som de um psicadelismo aprimorado que mistura shoegaze, acid rock e algum experimentalismo. Depois da passagem pelo Reverence, os Brian Jonestown Massacre regressam agora a este belo cenário que vai combinar na perfeição com cada acorde e composição.
Outro regresso muito aguardado é o dos The Walkmen com o seu indie rock cheio de elementos negros e de garage, tendo-se tornado uma das bandas mais aplaudidas dos anos 2000. Após uma pausa da banda, estão agora de regresso e não podia ser um melhor regresso!
Por fim, para terminar a noite em modo eléctrico e esquizofrénico a sueca Fever Ray e o seu poço de criação que mistura a electropop com ambiente, experimental e synth pop numa combinação que de tão estranha que é, se entranha até aos ossos!
O tempo passa demasiado rápido e, apesar de este local fazer parar o tempo, isso só acontece com o tempo fora deste espaço, pois lá dentro o tempo corre sem abrandar e o conselho que vos dou é que aproveitem cada minuto, cada acorde e cada brinde sem desperdiçar um segundo!
E assim passo para o penúltimo dia de festival. A sexta-feira começa à beira rio com os concertos de Mutu e Alina, no Jazz na Relva.
Já dentro do recinto, mantém-se o registo português com os concertos de Chinaskee, de regresso a Coura, desta feita ao recinto com o seu rock despido de tudo e de Expresso Transatlântico.
Ainda em formato trio mas com sonoridades mais electrónicas, mais um regresso, desta feita dos londrinos MADMADMAD que têm sempre performances cativantes.
Mantém-se o formato trio mas desta feita com um lado mais rock e uns leves contornos pop de jeito 90’s. Os Thus Love são de Vermont e vão estrear-se em Portugal nesta noite.
The Last Dinner Party têm um nome incrível e uma sonoridade que bebe muito de ABBA e, portanto, acredito que o concerto pode mesmo ser uma verdadeira festa. São 5 talentosas mulheres prontas para animar o vosso jantar ou, simplesmente, a vossa noite!
Num registo mais tranquilo e em jeito de world music em comunhão com o jazz, KOKOROKO para apaziguar e trazer algum descanso ao corpo.
E para finalizar o dia, o regresso dos Black Midi a Coura. A banda londrina que mistura elementos de punk, math rock, experimental e free jazz trará mais um concerto electrizante.
Chega o último dia da maratona de concertos que salva a alma e para começar, Anibal Zola e Nicolau na margem do rio.
No recinto, para encerrar estes quatro intensos dias, um dia não menos intenso, apesar de mais tranquilo.
Começo pelo concerto de Indignu, a banda de Barcelos de post rock com violino a abrilhantar as composições e com um mais recente trabalho que dá especial relevo a uma sonoridade mais portuguesa a nível de cordas.
Num registo mais ancestral e espiritual, os holandeses Yin Yin trazem uma mistura entre música electrónica, world music e bastante misticismo, sendo conhecidos por terem performances bastante diferentes e inovadoras, é de ver!
Do Canadá e com uma linha mais post punk, artie, new wave e avant pop, os Crack Cloud em modo colectivo e com promessa, igualmente, de concerto especial.
https://www.youtube.com/watch?v=QeuauwF6HlU&t=55s
Mantendo o post punk e o artie mas de modo mais assanhado, os Les Savy Fav já contam com alguns anos de estrada e com alguma sátira como característica. Dos Estados Unidos para o anfiteatro natural prometem contagiar com a sua energia.
Para tranquilizar o corpo e o espírito, um ritual de soul com Lee Fields e a sua extensa carreira nas lides da música e dos palcos. Momento bonito e aconchegante para elevar os corações e unir almas!
De regresso a Coura está o duo Sleaford Mods e a sua loucura saudável em jeito de música. Conhecendo os seus concertos, garanto que será um momento extremamente bem passado.
Voltamos ao post rock e a uma tranquilidade introspectiva e de grande intensidade com os Explosions in The Sky, os texanos formados em 1999 constroem paisagens sonoras arrebatadoras que devem ser saboreadas de olhos fechados.
Para encerrar, outra banda de extrema intensidade, os Wilco. Formandos em 1994, construíram já uma longa carreira à volta do rock, country e folk, tendo influenciado muitas bandas e pessoas no final dos anos 90 e início dos 00.
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Não se esqueçam de ficar atentos às Music Sessions que são sempre surpresa e garantem momentos especiais e, na sua maioria, inesquecíveis.
Vemo-nos na Praia Fluvial do Taboão para celebrar estes magníficos 30 anos!