Os 5.ª Punkada abriram o quarto dia de festival, enchendo de alegria os corações dos que estavam no recinto. A banda de Fausto Sousa (vocalista), Jorge Maleiro, Miguel Duarte e Fátima Pinho, conhecida pela sua capacidade de quebrar barreiras e superar desafios, mostrou que a “música é mesmo para todos”. Acompanhados por Surma nas teclas e Victor Torpedo na guitarra, os quatro elementos integrantes (dois com deficiência mental e dois com paralisia cerebral) mostraram naquele palco que não há limites físicos nem mentais para concretizar os sonhos. Os 5ª Punkada já estão preparados para a digressão europeia, que terá início já no próximo mês de setembro. Irão atuar na Hungria, República Checa e Luxemburgo, e mais para o final do ano estará concluído o documentário pela Casota Collective.
Os londrinos Eel Men trouxeram consigo sonoridades puras do rock e contrariaram a ideia de que o rock está a morrer. Foram a banda mais jovem a atuar no festival e trouxeram-nos a esperança de que o rock despretensioso pode ser mantido pelas novas gerações e podemo-nos orgulhar disso. Um concerto curto e limpo, com os riffs tradicionais, mas desenferrujados.
O quarto dia de festival foi o mais eclético. Os Martin Dupont trouxeram um pós-punk com muitos sintetizadores, instrumentos de sopro, duas vozes femininas e uma escolha de imagens e vídeos surrealistas incríveis. Uma voz arrebatadora, onde o grave magnífico nos ressoava no peito. Simplicidade na postura, nos movimentos e bastante expressivo na interpretação das letras. Não podemos deixar de nos lembrar da voz de Peter Murphy nem da new wave dos anos 1980.
Já os The Rezillos são o casal de escoceses mais divertido que se pode ver em palco! Não conheciam Portugal, mas 2 dias foram suficientes para gostarem bastante. Uma animação roqueira contagiante, onde os gritos mais estridentes no final das frases não deixaram ninguém indiferente. Músicas dedicadas aos muitos “bad guys and bad girls” do público e referência ao seu último álbum “Zero”, no qual as guitarras soaram mais agudas, mais ao estilo metaleiro. Um concerto que provocou muitos saltos e conseguiu levantar a poeira na frente de palco.
Os Dissidenten vieram de Berlim e ofereceram ao público do Luna Fest sonoridades bastante diferentes. Sem saírem do rock, a diversidade de instrumentos que tocam consegue conjugar ritmos da world music com a guitarra mais tradicional do rock. Com uma compilação de imagens muito generalizadas (com o foco no multiculturalismo), os Dissidenten trouxeram uma história de 30 anos, tendo sido já em 1981 que a banda foi formada na Indía. Este foi um concerto para descontrair e deixar assentar a poeira deixada pelos The Rezillos.
Por fim, os cabeças de cartaz, A Certain Ratio, que foram brutais! Instrumentos de sopro, sintetizadores, percurssão e um som de baixo que fez vibrar as águas do Mondego. Uma incrível fusão de ritmos, onde o funk se junta ao rock e encaixa nos sons mais latinos. Músicos que trocaram instrumentos (baixo, bateria, percussão) e uma voz e presença feminina à qual seria impossível não acompanhar os seus movimentos perfeitos. Músicos aparentemente muito diferentes uns dos outros, mas com uma cumplicidade que fizeram transparecer na magnifica atuação. Trouxeram a Coimbra o seu mais recente álbum (2023) “1982”, que foi caracterizado de “frenético” pela revista Pitchfork, com todo o sentido.