Os Bass Drum of Death passaram por Portugal esta semana para dois concertos em Porto e Lisboa respectivamente, a meio de uma mini tour europeia que privilegiou Portugal e Espanha. Este trio que começou por ser uma one man idea, mais que uma one man band de garage punk/lo-fi, na cabeça de John Barrett, originário do Mississipi, estará hoje muito mais próximo (sem nunca ter estado longe) daquelas sonoridades do garage com pinceladas de blues. A John Barret viriam a juntar-se Ian Kirkpatrick na bateria e Jim Barrett ( sim são irmãos )na outra guitarra.
Apesar de uma sala menos composta que o desejável para a energia impetuosa que aquelas guitarras meio sujas e bateria mais que possante mostraram logo a abrir com I Wanna Be Forgotten (Bass Drum Of Death,2013, Innovative Leisure), isso não os demoveu de encher a sala 2 do Lisboa Ao Vivo com o longínquo Nerve Jamming (GB City, 2011, Fat Possum Records) logo de seguida.
Continuo a achar que o LAV é uma dor de cabeça, daquelas em que a cabeça só nos dói quando nos mexemos. Adoro a sala, detesto a localização, acho que funciona bem, mas raramente gosto do som da sala, o problema bate quase sempre no som das vozes. Supreendentemente mesmo com a sala meio despida, quem esteve a tratar do som fê-lo com um equilíbrio, a espaços perdido é verdade, mas sólido na maioria do tempo.
Poder-se-ia perder a audiência naquela situação de extrema energia vinda do palco com tão pouca almofada humana para a receber. Isso notou-se sobretudo quando se ouviu Find It ou Head Change do mais recente Say I Won’t (2023, Fat Possum Records), lançado no inicio de 2023, em colaboração com Fitzpatrick e Jim Barrett.
Just Business (Just Business, The Century Family, 2018), fez a ponte rítmica para um novo retomar da energia inicial a que voltámos ao ouvir GB City.
No entanto foram momentos muito pontuais porque o longo de todo o concerto o trio manteve-se sempre com uma garra invejável e mereciam sem dúvida a oportunidade de ter partilhado toda aquela electricidade com muito mais gente.
Isso não os demoveu, pelo contrário, até porque apostaram forte nos temas mais antigos e por isso mais familiares ao público do que o álbum mais recente. A verdade é que a direcção dos Bass Drum of Death teve alguns ajustes nos últimos tempos e isso notou-se na sonoridade mais complexa do último disco.
Facto, facto é que houve pit, e não aconteceu apenas porque sim, aconteceu porque é o que a música dos Bass Drum of Death nos faz. Remete para uma sala cheia de gente feliz aos pulos como em GB City, Shatetered Me, Lose My Mind (Rip This, Innovative Leisure, 2013) ou Get Found as músicas com que supostamente terminariam o concerto de Lisboa.
Voltaram ainda mais crus, passado nem um minuto, e acho que foi mesmo porque o público que ali foi precisava de mais um shot daqueles com No Demons (Bass Drum Of Death,2013, Innovative Leisure) muito mais crua e incitadora que em disco para finalizarem com Crawling After You onde nos dizem “Well, I’ve wasted all my time, trying bad to make you mine, And know it’s not okay, I can’t find that perfect line”!
Aqui ninguém deu o tempo por perdido!