Ultimamente a Austrália tem vindo a demonstrar que tem as melhores bandas de rock psicadélico da actualidade. Talvez pelos habitats naturais de fauna e flora ou porque lhes está, simplesmente, nos genes.
A verdade é que na passada quinta-feira, dia 20 de Junho, os Psychedelic Porn Crumpets tinham à sua espera um MusicBox esgotado e não poderiam ter tido uma estreia melhor em Portugal.
A sua curta existência de 10 anos já trouxe ao mundo 6 discos e, naquela noite, a capacidade de nos levar numa montanha russa a viajar por um universo cósmico, quente e alucinante com sabor a passado e um forte cheiro a futuro.
O início do concerto deu-se de forma bem imponente com a “Nessun Dorma” de Pavarotti a ganhar espaço para a entrada dos 5 rapazes em palco.
A energia e adrenalina que carregam consigo são contagiantes e não tardou muito a que a plateia em frente ao palco começasse a saltar e assim ficasse até ao fim do concerto.
Repletos de fuzz, com três guitarras que nos levam ao céu em pouco tempo, donas de uma robustez audaz e bem ornadas são a base das composições densas que constroem.
A bateria, o baixo e os sintetizadores não ficam atrás na mestria, mas as guitarras são, definitivamente, capazes de nos deixar enrodilhados nelas.
As influências de Zeppelin e Sabbath são notórias, tal como o cheiro a King Gizzard and The Lizard Wizard e, ainda, um travo a futuro na voz e composições. A voz principal aparece quase limpa e translúcida sem aqueles efeitos característicos do estilo.
Atrás deles, imagens sempre psicadélicas que se construíam e descontruíam, ganhando formas de animais, paisagens, pessoas e flores com capacidade de hipnotizar quem ficasse a olhar muito tempo para elas. Notava-se uma grande preferência por gatos, talvez o seu animal preferido.
O intuito do concerto seria a apresentação do novo disco, Fronzoli, lançado no final de 2023, mas passaram por toda a sua discografia, dando destaque ao primeiro disco High Visceral, Part I.
O público, talvez um pouco mais de metade estrangeiro, sabia quase as letras todas, gritando com força muitas delas.
Houve tempo para um encore com “Cornflake” e “Hymn For A Droid” completando o êxtase da sala que teve, até, crowd surfing.
As explosões de adrenalina foram tantas que terminamos meio atordoados, tal como quando saímos do banco da montanha russa. A viagem é sempre curta, mas densa, intensa e cheia de adrenalina. Aquela que nos faz amar a vida e querer sempre mais.
Agora que já conhecem o caminho, podem regressar mais vezes, nós ficaremos a aguardar pela próxima viagem.