Este fim de semana (8 e 9 de Novembro) Amplifest coincide com a celebração dos 18 anos de existência da Amplificasom, e em jeito de prenda, serviu a cidade do Porto com mais um cartaz de excelência e qualidade inegável. Como tem sido habitual, os espectadores puderam experienciar mais de duas dezenas de bandas e artistas, de todos os pólos do espectro musical, desde vertentes mais extremas do metal, a artistas folk, passando também por projectos mais virados para a vertente electrónica.
WARM-UP
Esta edição arrancou em jeito de warm-up no final de tarde de Sexta-feira, dia 8, com espetáculos espalhados por lugares emblemáticos da cidade. Tivemos VELHO HOMEM, o projecto de Afonso Dorido e Francisco Silva, que deram um concerto no renovado Mercado do Bolhão e a violoncelista Okkyung Lee que trouxe um momento mais intimista a Serralves.
Já pela noite, os caminhos foram todos dar ao Ferro Bar para uma listening party do novo álbum de THE BODY, The Crying Out of Things, lançado no próprio dia. De seguida foi hora de JOHN CXNNOR, projecto dos membros de LLNN que trouxe a palco os convidados Paulo Rui, conhecido vocalista de BESTA entre outros projectos, e Sofia Magalhães dos PLEDGE. Um set que encheu a pequena sala com vibrações futurísticas, misturando um techno super agressivo com tranches de hardcore e noise, acompanhado pelas performances vocais dos convidados.
A já habitual dupla NO JOY esteve depois encarregada de continuar a fazer mexer os resistentes até altas horas da madrugada, com o seu já especial DJ set.
JOHN CXNNOR
NO JOY
Amplifest 2024 Dia 1
INSECT ARK
INSECT ARK abriu o primeiro dia do Amplifest no palco BÜROSTAGE, com um público que ocupava um pouco mais da metade da sala.
Formada por Dana Schechter (SWANS) e Tim Wyskida (KHANATE), a banda trouxe uma sonoridade experimental e densa, com toques de doom e noise. As composições, marcadas por ritmos lentos e repetitivos, foram complementadas pelas teclas de Schechter, que adicionaram dissonâncias rítmicas, criando uma atmosfera hipnótica e envolvente.
AVESSO
Os AVESSO deram seu concerto de estreia na sala DOIS CORVOS. Com o seu ainda muito recente primeiro álbum, a banda liderada pelo carismático Paulo Rui, vocalista conhecido por projetos como BESTA e REDEMPTUS, trouxe para o palco uma combinação de melodia e peso, alternando entre momentos lentos e pujantes, sempre acompanhado de boa disposição. Um excelente concerto de estreia.
MIZMOR
Projeto criado por Liam Neighbors, trouxe ao palco BÜROSTAGE uma combinação poderosa de pólos opostos do metal extremo, misturando a agressividade e a frieza do black metal com a profundidade arrastada do drone e do doom. A banda veio apresentar na íntegra seu último álbum, Prosaic, e estabeleceu o tom de todo o concerto com o épico de 15 minutos Only an Expanse logo a abrir
Uma performance intensa, elevada pelos vocais arrepiantes de Liam e pela excelente bateria de Jesse, também baterista de BELL WITCH.
Com a sala já bem preenchida, foi uma experiência imersiva e profunda, levando o público a uma jornada sonora densa e hipnótica, onde imperou a brutalidade e o desespero intrínsecos a cada tema.
CINDER WELL
CINDER WELL, projeto folk de Amelia Baker, fez sua estreia em palcos nacionais com um concerto delicado e envolvente. Em contraste com a intensidade da banda anterior e da que viria a seguir, a performance foi marcada por um ritmo calmo e uma beleza subtil, trazendo ao público uma pausa serena no meio da programação mais pesada do festival.
LLNN
O quarteto de Copenhaga trouxe ao palco BÜROSTAGE uma sonoridade brutal, com a sala bastante composta desde o início do set.
A banda agitou todo o público com a agressividade do seu post-hardcore, a ir buscar também fortes influências ao sludge, que em certos momentos fez lembrar ícones do género como CONVERGE.
A setlist foi amplamente dominada por faixas do último álbum, Unmaker. As notas do baixo foram proeminentes durante todo o espectáculo e as guitarradas desconcertantes acompanharam os guturais estridentes de Victor Kaas numa perfeita sinergia.
Grande destaque também para a performance a solo de Victor na faixa The Horror, a iniciar a última recta do espectáculo. Um dos pontos mais altos deste primeiro dia de festival.
FVNERALS
A banda alemã formada em 2013 é mais uma do cartaz que faz a sua estreia em Portugal.
Com o lançamento do aclamado Let The Earth Be Silent, do ano passado, a banda apresentou-se no palco DOIS CORVOS, lotando completamente a sala e com muitos fãs e curiosos a ter que assistir do exterior.
Uma constante muralha de som composta por nuances de doom e noise, aliada à escuridão da sala, criou uma atmosfera densa e poderosa durante todo o concerto, que foi bastante sólido e imersivo, sem perder a intensidade, levando o público a uma verdadeira experiência sonora.
RUSSIAN CIRCLES
Com presença assídua em Portugal, RUSSIAN CIRCLES era uma das bandas mais aguardadas pelo público neste primeiro dia do Amplifest.
A sala BÜROSTAGE estava completamente cheia, o que se tornaria uma constante ao longo de todo o resto da noite.
O concerto foi marcado por uma sonoridade cativante, com uma rítmica quase dançável e a melodia da guitarra principal, psicadélica e envolvente. O trio de Chicago apresentou-se de forma super coesa em palco, com cada um deles a brilhar no seu papel, criando uma performance instrumental perfeitamente equilibrada.
Percorreram quase toda a sua discografia, não faltando por exemplo a Conduit, do seu último álbum Gnosis, como também o grande tema Youngblood, faixa presente em Station, registo de 2008.
LIVING GATE
Pode-se considerar LIVING GATE um “supergrupo”, pois é composto pelo baixista de YOB e por por membros de bandas da Church of Ra, como WIEGEDOOD, OATHBREAKER e AMENRA. Embora todos os seus membros contem já com várias passagens pelo nosso país, é a estreia em absoluto deste recente projecto.
Tendo como influência bandas como DEATH e POSSESSED, trouxeram para a sala DOIS CORVOS uma dose poderosa de death metal técnico, evocando o espírito do final dos anos 80 e início dos 90.
O conjunto apresentou o aclamado álbum Suffer as One, considerado por muitos fãs do genero como um dos melhores registos do ano.
Durante a atuação, os screams demoníacos, ritmos rápidos, blast beats venenosos e solos de guitarra a recordar Chuck Schuldiner foram uma constante, mantendo o público imerso na impetuosa performance.
UFOMAMMUT