Concertos Reportagens

Temples & Them Flying Monkeys, celebrar é urgente, celebrar é imperativo!

Os ingleses Temples apresentaram-se pela primeira vez em nome próprio em Portugal na passada segunda feira à noite no Lisboa Ao Vivo.

O concerto vinha a ser adiado desde 2020. Mais concretamente desde a primeira segunda-feira que se seguiu ao primeiro confinamento. Na altura os Temples promoviam “Hot Motion” que havia sido editado em Setembro de 2019 e tal como aconteceu desta vez, nessa noite concorriam com uma série de concertos a acontecer por Lisboa como por exemplo os Moon Duo que nessa noite actuariam no B.Leza. Ainda antes da data em que era suposto ter acontecido a estreia em nome próprio, mas agora cancelada por causa do confinamento obrigatório, são anunciados como cabeças de cartaz do recém criado Sunflower Fest que iria decorrer em Valada em Setembro de 2020, mas que pelas circunstâncias em que nos encontrávamos acabou também por não acontecer.

Foram precisos mais 4 anos e meio para os Temples finalmente terem a sua noite com o público português, concorrendo agora com alguém com mais peso ainda pois Kim Gordon tocou também na segunda feira no Capitólio.

Azares, vicissitudes, coisas que nos fogem das mãos, creio que se pode assim dizer, terão ditado uma casa muito menos plena do que a que esperaríamos para ver os Temples, no momento em que resolvem comemorar o seu primeiro disco oferecendo ao público aquilo que talvez nem na primeira tour tenham podido oferecer que foi tocar na integra Sun Structures.

Isso não os demoveu de todo de nos oferecerem o que me pareceu ser o que sempre quiseram fazer deste disco.

A abertura da noite coube aos portugueses Them Flying Monkeys, a mesmíssima banda que teria também realizado a abertura em 2020. E que fantástica abertura. Já não sei quantas vezes me cruzei com estes rapazes de Sintra. Entre noites no Sabotage Club, na Galeria Zé dos Bois e no Musicbox, consigo contar quase uma dezena sem muito esforço. E é sempre bom. é sempre visceral, forte, sentido e feliz. Esta noite estavam particularmente felizes, a energia era ainda maior que o habitual, e eles próprios disseram que estar novamente no cartaz com os Temples como haviam estado há 4 anos, e agora conseguir fazer as coisas acontecer, era concretizar finalmente um momento muito desejado.

E não, não foi daquelas coisas bonitas de se dizer porque parece bem, porque quando os Temples começaram a tocar andavam os cinco pelas laterais do palco e nos varandins do LAV a curtir imenso.  Ou seja… talvez seja mais que o momento de começar a cruzar-me com os Them Flying Monkeys propositadamente e não por mero acaso de irem abrir para outra banda.

  • 20241111 - Them Flying Monkeys @ Lisboa Ao Vivo
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  • 20241111 - Them Flying Monkeys @ Lisboa Ao Vivo
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O tempo entre concertos permitiu que mais gente chegasse até ao LAV, e quando às 21.30 o quarteto oriundo de Kettering  entrou em palco  a espera finalmente cumpriu-se e foram abraçados pelos gritos e palmas guardados há mais tempo do que seria suposto, entregando logo ali Sun Structures como que para confirmar que era mesmo deste disco que se tratava ali, agora, naquele tempo que nos havia sido sucessivamente adiado.

Gostava que A Question Isn’t Answered tivesse tido uma entrada diferente (houve público que a ensaiou antes do inicio do concerto), mas apesar das palmas pré gravadas a apresentar a música, estas foram rapidamente olvidadas pela música em si. The Golden Throne e Test of Time levaram-nos até à primeira ovação emocionada da multidão nos primeiro acordes de Colours to Life, primeiro single da banda que havia saído quase um ano antes de Sun Structures e rodou incessantemente até ser quase totalmente obliterado pelos singles seguintes. Mas o facto de ter sido a primeira torna-a especial e isso foi bastante palpável.

A única surpresa da noite foi realmente não se ter sido seguido o alinhamento original de Sun Structures, sendo mesmo a única hipótese de surpreender para além dos arranjos  mais longos em cada uma das músicas, como que para que as pudéssemos degustar totalmente. James Bagshaw ainda assim provocou o público “We thought you guys would be louder than this on a monday night!“, que não se deixou ficar e replicou, para logo de seguida entrar uma morna The Guesser que coloca novamente a sala a cantar e a dançar.

“Move With the Season”  levou a uma doce acalmia de gente a cantar, não a plenos pulmões mas como se estivessem apenas sozinhos num sitio qualquer que não ali, como se a música os estivesse a levar de volta a um qualquer outro sitio onde também já foram felizes. Keep in the Dark , Mesmerise mas sobretudo Shelter Song, os restantes três singles que rodaram muito e ainda vão rodando ocasionalmente por aí meteram o público a mexer, mas também a adivinhar o final. A noite não acabou sem os Temples voltarem ao palco para tocarem Paraphernalia (Paraphernalia,2020) single isolado do resto da discografia e que aterrou quase no fim de 2020 e Gamma Rays, primeiro single de  Exotico e que mostraram bem que o público que tão bem conhecia Suns Structures ainda os seguia… bem, na realidade ambas as músicas do encore não serão a melhor amostra para se tirar esta conclusão porque ambas são singles, mas a verdade é que a adesão neste momento foi mesmo superior a alguns momentos de Sun Structures. 

Esperava realmente uma produção diferente da que encontrei, talvez pela sonoridade de raiz dos Temples ir beber muita da sua inspiração a muito das sonoridades psicadélicas mais antigas.

Esperava talvez novas roupagens em músicas já tão rodadas mas o que encontrámos foram músicos que não estando a inventar nada de novo são bastante competentes e felizes com o que fazem (não estão mesmo e olhem que eu gosto bastante do Sun Structures, não digo isto por dizer). Os Temples, enquanto músicos poderiam ir mais além com alguma facilidade, pelo menos na parte que concerne à técnica e capacidade de execução.

  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo
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  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo
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  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo
  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo
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  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo
  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo
  • 20241111 - Temples @ Lisboa Ao Vivo

Depois há o resto. O que motiva, o que os faz criar. Se é este o som deles, é. Os sucessores de Sun Structures por muitos elementos que tenham deste momento inicial não são uma repetição dele, mas mais uma espécie de lenta recriação, mas que não conseguem acrescentar mais ao que Sun Structures mostrou.

Ouvir assim um disco por inteiro, numa sentida homenagem, notoriamente bem tocado, talvez até em demasia, sem grandes desvios, deu-me a sensação que se perdeu ali alguma espontaneidade, mas ao mesmo tempo será que foi propositado? Foi bonito, sentido e será que sucedeu assim sem  qualquer premeditação? Acho que vou só imaginar que foi uma declaração de amor da banda ao seu primeiro trabalho, um voltar àquele momento onde foram tão felizes, e que nesse momento de celebrar o quiseram fazer com  o público. Celebramos estar vivos, celebramos etapas e conquistas e este concerto foi uma celebração. Celebrar é urgente, nem que seja meramente celebrar o imediato, o agora, ou como os Temples, celebrar o momento provavelmente mais importante enquanto músicos, o primeiro disco.

E valeu bem a pena.

Playlist Spotify:

Bandcamp:

Music | Them Flying Monkeys

Music | Temples