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´É preciso lata…’ os ritmos do mundo dos Farra Fanfarra em Lisboa

Os Farra Fanfarra são um coletivo de músicos, que andam a espalhar alegria pelos quatro cantos do mundo há quase duas décadas. Têm o quartel-general localizado em Sintra, na pacata aldeia de Gouveia, onde a inspiração poética se encontra literalmente em cada esquina. A banda de Mary (voz e animação) e do Oli (animador) vieram na passada 5ªfeira à sala do MusicBox para apresentar o seu primeiro álbum de originais lançado a 10 de janeiro, ‘É preciso lata…’. Uma sátira dançante, onde ‘embrulham’ os comportamentos sociais narcísicos, em composições sonoras hilariantes, como o tema “Destilo estilo”.

© André Lourenço

Os instrumentos de sopro são a sua base consistente, mas muitas vezes, nomeadamente em atuações de rua, também as cordas, a percussão e até o megafone (!) fazem parte do arsenal instrumental. É preciso lata…’ é uma discoteca sui generis, onde o DJ Rui Machado se ocupa dos ritmos tecno, numa espécie de ‘enlatados’ que se encaixam nas batidas dos, trombones, barítonos, sopranos, trompetes e clarinetes.

O palco do MusicBox foi pequeno para receber todos os músicos que fazem parte da sua formação. Mas apesar da limitação do espaço, tivemos o privilégio de assistir a uma atuação com nove músicos em permanência, somando pontualmente a estes, três convidados nos temas “Pontos nos ‘is'”, “Zouk Souk Souk” e “Devagar”. E claro, o mestre-de-cerimónias Oli, que com os inúmeros adereços circenses iluminava ainda mais a colorida moldura do espetáculo.

Depois do tema “Dia lixado”, o trompetista Paul Robert (Upliftin e Kumpania Algazarra) juntou-se a Mary em “Get up and Dance”, qual rapper americano e puseram todos a dançar. Subida ao palco pela primeira de vez “de um convidado especial”, o animador Oli, que nos entreteve com o número das maracas coloridas, o arco do Hula Hoop luminoso e o chapéu mágico!

© André Lourenço

Primeira mudança de outfit da Mary, que num elegante vestido preto e óculo escuros lançou charme que bastasse com “Destilo Estilo”, enquanto puxava pelo público e pedia “e essas selfies?”.
Nesta altura a festa já estava em ‘altas’ e a cumplicidade do público era notória, os Farra Fanfarra têm os seus leais seguidores que fazem parte do espetáculo, com os refrões na ponta da língua e acompanhando as músicas até ao final. É impossível alguém não os acompanhar, o ritmo frenético desta malta é contagiante!

Já com a nova fatiota janota, um vestido com o brilho na bota alta, foi altura de cantarem os parabéns ao Nuno e ao Tomás, que ainda tiveram direito a balões. Festa é festa!

Entre sevilhanas, reggeaton, ritmos orientais, sambinhas e ska, a hora e meia seguinte foi um entra e sai de convidados no palco. A Carol acompanhou a grande maioria do seu próprio tema, “Devagar”, um adocicado samba brasileiro, e em seguida um ritmo a fazer lembrar Kusturika para “começar a festa rija. Puxaaa!”
Do cabaret de Lisboa, numa dança completamente improvisada”, uma surpreendente dança do ventre com direito ao “gritinho árabe” e tudo, a enfeitiçar o tema “Zouk Souk Louk”.

Já quase no final o regresso de Oli ao palco para, entre as apresentações dos músicos (grande fôlego no saxofone, Gabriela!), os agradecimentos aos técnicos e ao MusicBox, terminarem em grande festa com o tema que também finda o álbum, “Makongue”.

© André Lourenço

‘É preciso lata…’ é de facto uma proposta sonora que expande horizontes musicais. Uma multiplicidade de ritmos que nos faz mergulhar num caleidoscópio multicultural, e nos consegue projetar para os quatro cantos do mundo num ápice.  Em sala, na rua ou em festivais, um concerto de Farra Fanfarra é seguramente uma festa do mundo, onde impera a boa disposição e a energia inesgotável dos sopros e da Mary!